No período de 10 anos, um grupo de cientistas brasileiras realizou um estudo dentro de uma única instituição de saúde a partir da análise de todos os exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Segundo a CNN, o estudo analisou 996 mil exames no período de 2009 até 2019 e concluiu que 2% do grupo analisado apresentaram anomalia vascular. Os pesquisadores do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, publicaram os resultados da análise no Annals of Vascular Surgery.
“Nosso objetivo era descobrir com que frequência elas acometiam as pessoas, e conseguimos identificar este percentual de 1,8%”, afirma a cirurgiã-vascular Maria Fernanda Portugal, pesquisadora e doutoranda do Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Ciências da Saúde do Einstein.
Podendo ser simples ou complexas, as anomalias vasculares afetam os vasos sanguíneos, como as artérias e as veias. Com maior índice de acometimento, está o hemangioma, um tumor benigno, relativamente comum na infância que, com o passar do tempo, pode desaparecer. Por outro lado, outros podem requerer tratamentos.
O pesquisador e orientador da análise, Marcelo Passos Teivelis, declara que “As anomalias identificadas em menores de 18 anos já foram exploradas em outros trabalhos. Já acima dessa faixa etária, para a qual estudos são mais raros, a maior parte das alterações foi identificada em mulheres submetidas a exames de imagem”.
O cavernoma, que é um aglomerado de vasos sanguíneos, localizado geralmente no cérebro e na medula, é considerado anormal. Apesar de ser uma lesão benigna, pode gerar sangramento e compressão de estruturas do sistema nervo central. Por não causar sintomas, a descoberta geralmente é ocasional no momento da realização de outro exame de imagem. Dependendo da dimensão do sangramento ou compressão, o tratamento é indicado.
O cirurgião-vascular Nelson Wolosker, coorientador da pesquisa e reitor da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, esclarece que “Esse levantamento teve como objetivo saber a realidade no país, ou seja, mostrar a proporção de anomalias em uma população geral – e conseguimos isso”.